Por Siprovel

Vivemos um momento muito triste na história da Educação brasileira. Só do ano passado para cá já tivemos mais casos de ataques às escolas do que nos 20 anos anteriores. De agosto até abril foi mais de um ataque por mês pelo país: Blumenau (SC), São Paulo (SP), Ipaussu (SP), Aracruz (ES), Mesquisa (RJ), Sobral (CE), Barreiras (BA), Morro (BA) e Vitória (ES). São alunos ou ex-alunos, de 10 a 25 anos, principalmente utilizando armas de fogo, com motivações misóginas, armamentistas ou ainda por motivações de distúrbios psiquiátricos.

Apesar de esta ser, sem dúvidas, a face mais cruel da violência que se instaurou nas escolas, o problema não se limita a estes atos extremos. Segundo pesquisa da Nova Escola com 5.300 professores de todo o território nacional, 80% dos professores disseram já ter sofrido algum tipo de violência em sala de aula, principalmente verbal e psicológica. 7% disseram ter sofrido agressão física. Na mesma pesquisa, 70% dos professores disseram perceber que houve um aumento na agressividade dentro das instituições de ensino no pós-pandemia, principalmente entre os próprios alunos.

A violência no espaço escolar é um problema antigo, mas mudou de patamar desde o ano passado. Como vários especialistas vêm dizendo, isto é fruto do aumento no extremismo de direita e do culto à violência e armas. O alvo não é aleatório. As escolas viraram palco deste extremismo porque a instituição escolar e os professores passaram a serem vistos como inimigos públicos. Começou com a perseguição ao conteúdo ensinado nas escolas e filmagens de professores. Depois da criminalização do próprio ambiente, com propostas de instaurar o homeschooling. Agora chegamos à completa barbárie.

O planejamento e o encorajamento se dão no submundo online, ninho da extrema-direita, onde há o culto à Hitler e outros personagens supremacistas. Não é o “joguinho”, e sim as organizações dentro deste mundo online que a partir do culto ao nazismo e fascismo encorajam crianças e adolescentes a matarem em nome desta ideologia. Só nesta semana, mais dois adolescentes foram detidos por associação ao nazismo, um em SP e outro no RS.

Claro que isto está dentro de um contexto maior, de problemas familiares e de saúde mental, mas estas atrocidades não ocorreriam sem a presença desta ideologia e dos ideólogos em nossa sociedade. Queremos sim que a Prefeitura garanta desde já mais segurança em nossas escolas, para garantir a integridade física e a vida de professores, funcionários e estudantes da rede municipal. Mas isto não basta, o buraco é muito mais embaixo. É uma crise social, uma crise moral.

As abordagens para resolver o problema devem ser múltiplas: saúde mental, acolhimento e acompanhamento dos estudantes e combate à intolerância. E para isto contar com diversos profissionais: professores, psicólogos, assistentes sociais, etc.

Chega de ensinar às crianças e adolescentes que negros, mulheres, LGBTQIA+ e nordestinos são inferiores. Chegar de ensinar o ódio! Vamos valorizar a Educação, as escolas, CMEI’s, professores, professores de educação infantil, bem como, os demais trabalhadores em educação!