Nesta segunda-feira comemoramos mais um primeiro de maio, dia internacional do trabalhador e da trabalhadora, o 134º da história do movimento internacional de trabalhadores. A origem dessa data foi a intensa luta nos EUA pelo direito de trabalhar apenas 8 horas por dia, ainda um sonho naquela época. Mais de um século depois a luta ainda é muito árdua para manter este e outros direitos fundamentais. Em pleno ano de 2023, o governo na Coreia do Sul tentou alargar para 69 horas a jornada dos seus trabalhadores. No Brasil também passamos por coisa do tipo. Em 2017 Michel Temer propôs alongar a nossa jornada de trabalho fazendo com que trabalhássemos até 43 dias a mais por ano, o que felizmente acabou não entrando naquela nefasta reforma trabalhista.

Foram anos difíceis. Em 2017 o Congresso aprovou a terceirização do trabalho completa e irrestrita. Os frutos estão sendo colhidos agora. Grande parte dos resgates de trabalhadores em situação análoga à escravidão no início deste ano tiveram origem nas transformações do mercado de trabalho a partir desta liberalização, como a terceirização da colheita de uvas em Bento Gonçalves. Como o ministro do Trabalho disse à época, “Terceirização é prima-irmã do trabalho escravo”. Logo depois veio a reforma trabalhista. Henrique Meirelles prometeu que com a reforma o país criaria 6 milhões de novos empregos. Nunca vieram, mesmo com a recuperação econômica posterior a perda de direitos trabalhistas não incentivou que mais empresários contratassem. Dois anos depois veio a Reforma da Previdência. Se aposentar no Brasil ficou mais difícil, mais demorado e rende benefícios menores. A promessa, junto ao Teto de Gastos, era que isto fizesse com que a economia brasileira bombasse. A economia estagnou, o desemprego continuou alto e a renda do trabalho caiu. Além disto, de 2016 até 2022 o salário-mínimo continuou sem ganhos reais, política que havia sido a principal responsável pelo aumento da distribuição de renda das duas décadas anteriores. Mesmo sem valorizar o salário-mínimo o desemprego se manteve elevado.

Nada disto salvou a economia, o emprego e a renda. Serviram apenas para que perdêssemos direitos. Claro que alguns poucos ganharam. A mão-de-obra no Brasil ficou menos custosa, tanto em termos financeiros quanto em termos de compromisso de médio/longo prazo. Os empresários ficaram mais ricos, e os trabalhadores mais pobres.

Os operários do século XIX nos EUA e na Europa e os operários brasileiros e latino-americanos no século XX nos ensinaram muito bem, só a luta muda a vida. Nós, professores/as e professores/as de Educação Infantil na rede municipal de Educação de Cascavel nunca ganhamos e nem ganharemos melhores salários e condições de trabalho de mãos beijadas. Basta lembrar da luta cotidiana para garantir o pagamento do piso nacional do magistério. Sequer um direito que está resguardado em legislação municipal e federal nos é garantido. Só quando emplacamos fortes mobilizações conseguimos emparedar a Prefeitura e garantir o nosso simples direito.

A conjuntura mudou, a situação política está um pouco melhor para aqueles que vivem do seu próprio trabalho no Brasil. Mas os desafios continuam imensos, sem os trabalhadores colocarem seu bloco na rua não avançaremos. Não garantiremos a revogação do Novo Ensino Médio. Não garantiremos a continuidade da valorização do salário-mínimo. Não garantiremos que o ajuste fiscal venha mais uma vez destruir a Educação e a Saúde do país. Não garantiremos que a Prefeitura pague o piso salarial profissional do magistério na carreira em Cascavel. Não garantiremos a democracia no país.
Que este primeiro de maio traga bons ventos aos que lutam e constroem de verdade este país. Feliz dia do trabalhador e da trabalhadora!