Covid-19: Mais de 80% dos professores voltaram inseguros ao trabalho na rede municipal

Uma enquete promovida pelo Siprovel (Sindicato dos Professores e Professores de Educação Infantil da Rede Pública Municipal de Cascavel), entre os trabalhadores de sua categoria, apontou que 83,6% dos professores voltaram inseguros aos Cmeis e escolas da rede municipal, nesta terça-feira (19). A enquete, que teve a duração de 24 horas, contou com a participação de 897 trabalhadores da categoria. Esta insegurança é reflexo de uma retomada ao trabalho presencial em meio a um período de curva ascendente nos casos confirmados de Covid-19 na cidade.

Apenas 12,8% dos professores que responderam à enquete afirmaram se sentirem seguros para o retorno ao trabalho e 3,6% não souberam responder. Como consequência, 79,2% dos professores se posicionaram contra a retomada ao trabalho presencial e apenas 14,4% a favor (6,5% não souberam responder). O Siprovel também questionou sua categoria sobre as atividades remotas e o teletrabalho. Ao fim da enquete, 59,1% havia se posicionado favorável às atividades remotas, no entanto, um total de 53,7% afirmou que pretende fazer o pedido pelo teletrabalho. Outros 28,7% se posicionou contra as atividades remotas e 12,3% não souberam responder. Quanto ao teletrabalho, 28,4% afirmaram que não irão fazer o pedido, e 17,8% afirmou não saber responder.

A enquete também abria espaço para que os professores e professores de Educação Infantil da rede pudessem – caso desejassem – apontar mais elementos sobre o tema. Entre as 263 respostas, os trabalhadores indicaram preocupação com o fornecimento de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), afirmando inclusive que, antes de as aulas serem suspensas, algumas unidades escolares tiveram fornecimento insuficiente de álcool gel. Outros apontaram falta de computadores e impressoras para suprir a demanda das atividades remotas, além da má qualidade da conexão em algumas unidades (considerando o uso de computador pessoal). Quanto ao teletrabalho, vários trabalhadores defenderam que este fosse estendido a toda a categoria. “Acho que o teletrabalho não deveria ser uma opção, mas sim algo efetivado. Todos os profissionais da área de educação deveriam fazer seu trabalho em casa nesse momento de pandemia. Não faz sentido nós professores nos deslocarmos (muitos trabalhadores utilizam o ônibus, que no caso, foi liberado para todos) todos os dias para o Cmei, sem crianças, correndo riscos, sendo que dá para realizar tudo de casa”, pontuou um dos profissionais.

No entanto, o principal ponto abordado foi a insegurança diante de uma pandemia com um índice de mortalidade tão elevado. “Me considero grupo de risco. Faço uso de remédio contínuo para hipertensão, mas segundo a SEMED não faço parte do grupo de risco, mesmo ouvindo o tempo todo as autoridades de saúde falar na TV [que hipertensos fazem parte do grupo de risco]. Por esse motivo me sinto inseguro!”, destacou um professor.  “Estamos em um momento crítico. Não vejo razão para estarmos diariamente expostos. As atividades remotas poderiam ser realizadas de forma mais segura, dentro de nossas casas”, apontou outro.  Muitos destacaram que as atividades que serão retiradas pelos pais nas escolas (conforme definiu a Secretaria de Educação) podem ser um meio de contaminação.

 

Cenário

No último domingo, Cascavel registrou sua sexta morte por Covid-19. O boletim divulgado nesta terça-feira (19) apontou 157 casos positivos, 19 suspeitos em investigação e 219 suspeitos em monitoramento (sem exame). Nas últimas 24h relativas ao boletim, 16 novos casos haviam sido registrados, sendo que três dias antes chegou-se ao recorde de 21 casos confirmados em apenas 24 horas. Entre os leitos de UTI, exclusivos para os casos de Covid-19, apenas dois estão disponíveis.

 

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