A educação de Cascavel enfrenta um cenário preocupante. Com déficit de 389 professores efetivos na Rede Municipal, a qualidade do ensino oferecido a 33.238 alunos é alarmante. A falta de profissionais afeta tanto o cotidiano escolar quanto o futuro da educação no município, que se encontra em meio a uma crise de pessoal.
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Educação, requeridos pelo Sindicato dos Professores da Rede de Ensino de Cascavel (Siprovel), das 2.910 vagas autorizadas pela Lei nº 6.445/2014 para o cargo de professor, apenas 2.671 estão preenchidas, gerando uma carência de 239 professores. Na Educação Infantil, o cenário também é preocupante: das 942 vagas disponíveis, 119 seguem abertas, com apenas 823 profissionais atuando.
Além da falta de professores regulares, há um desafio ainda maior no atendimento a 1.553 estudantes com deficiência, que dependem de acompanhamento especializado. O número de Professores de Apoio Pedagógico (PAP) é insuficiente: são apenas 216 profissionais, gerando uma sobrecarga nos docentes e impactando diretamente no acompanhamento individualizado necessário para esses alunos.
Outro ponto de grande importância é a garantia dos 33% de hora-atividade, um direito previsto em lei que assegura aos professores tempo para planejamento e atividades fora da sala de aula. A sobrecarga de trabalho e a falta de profissionais têm tornado inviável o cumprimento desse direito fundamental em algumas unidades.
Os professores, que são a base da educação, enfrentam uma realidade marcada pela defasagem salarial de 22,36% e condições de trabalho inadequadas. Isso tem levado muitos profissionais a deixarem a carreira e desmotivado novos a ingressarem na profissão. “A falácia do Prefeito Paranhos de que a administração paga o Piso, somada ao assédio dessa gestão e à dura realidade nas salas de aula, não atrai novos profissionais para assumirem o concurso”, afirma Gilsiane Quelin Peiter, presidente do Siprovel.
Esse déficit de profissionais tem consequências graves. Com menos professores em sala de aula, o aprendizado dos estudantes é prejudicado, e os que permanecem estão sobrecarregados, gerando um ciclo de desgaste. A falta de PAP também agrava a situação dos alunos com deficiência, que acabam não recebendo o suporte necessário para seu pleno desenvolvimento.
Garantir a contratação via concurso público e valorizá-los é o único caminho para reverter essa tendência de escassez e impedir que a Rede de Ensino de Cascavel entre em colapso. O município precisa implementar, com urgência, políticas que assegurem uma educação de qualidade para todos os alunos e condições dignas de trabalho para os docentes.